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  • Foto do escritorLeonardo Maia

Montanha Russa Emocional ou Personalidade Borderline?


Vivendo em uma montanha russa emocional!

O que é Borderline e os quais os sintomas?

Nunca consegui conter minhas emoções, isso é bom?

Certamente você conhece alguém que apresenta instabilidade emocional e que muitas vezes assusta quem está mais próximo! A mudança repentina de humor nos faz pensar que estamos diante de pessoas completamente diferentes. Essa característica podem ser percebida sob a forma de irritação constante, atitude descompassadas e até mesmo violentas.


Na tentativa de caracterizar tais posturas na vida, dizemos: “é como se” estas pessoas vivessem no “limite da sanidade”, ou muitas vezes que “há uma linha tênue que divide a loucura da lucidez”.


Não é difícil nos encaixarmos neste panorama, especialmente em decorrência da vida cotidiana. Por exemplo, quantas vezes você teve vontade de jogar tudo pra cima, brigar com alguém no trânsito, pôr tudo a perder? Porém aqui estamos falando de algo um pouco mais grave ou seja, a vontade e a fantasia não bastam, muitas vezes isso acontece de fato!


Brincadeiras à parte, a verdade é que existem pessoas que vivem essa instabilidade o tempo todo, chegando ao ponto de se prejudicarem seriamente, causando sofrimento tanto em si quanto em quem encontra-se próximo. E isso não acontece de vez em quando, mas sim periodicamente por muitos meses e anos!


Podemos imaginar como tudo fica comprometido e desajustado na vida dessas pessoas! Estamos falando do Transtorno de Personalidade Borderline, ou comumente conhecido como Transtorno de Personalidade Limítrofe.


O termo Borderline foi usado pela primeira vez em 1884 e designava um grupo de pacientes que viviam sempre neste limite da sanidade dificultando a classificação por parte de médicos e psicólogos (vem daí o termo limítrofe), ou seja, na fronteira (borda, borderline) entre a neurose e a psicose.


Somente na década de 1980 foi que o diagnóstico da doença se tornou mais preciso e houve o desenvolvimento de tratamentos tanto medicamentosos quanto psicoterápicos para esta condição debilitante da saúde mental e social.


Neste sentido foram feitas diversas pesquisas e delimitou-se melhor as possíveis causas do transtorno. Na grande maioria dos casos, situações traumáticas, situações de abuso e negligência estão entre as origens mais comuns, porém existem estudos que afirmam haver também fatores genéticos, já que parentes de pessoas que são “Borderlines” tem cinco vezes mais chances de apresentarem o mesmo transtorno do que pessoas que não tem histórico familiar.


A probabilidade vai aumentando na medida em que na família do paciente, existam casos de abuso de drogas, transtorno de personalidade, depressão, transtorno bipolar principalmente se forem diagnosticados no pai e ou a mãe. Vamos entendendo com essa reflexão que não há exatamente uma causa, mas sim múltiplas origens, o tratamento consequentemente é algo bastante complexo.


Segundo o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais) existem alguns critérios para que uma pessoa seja diagnosticada com o transtorno, e precisariam haver a prevalência de alguns deles, porém somente um psiquiatra e um psicólogo podem elucidar melhor se o paciente realmente apresenta esta condição.


Alguns dos sintomas são os seguintes: o paciente sempre busca evitar a qualquer custo situações de abandono real ou imaginário; os relacionamentos interpessoais são sempre instáveis e muito intensos seja no seu início ou término, alternância entre extremos de idealização e desvalorização de si mesmo e dos outros; a autoimagem nunca condiz com a realidade; impulsividades autodestrutivas; ameaças suicidas ou de automutilação; humor muito reativo; sentimento de vazio constante; raiva intensa e dificuldade em controlá-la; paranoia e sensação de divisão da própria personalidade.


Se antigamente esse transtorno era tido como intratável, atualmente os estudos nos mostram que há possibilidade de tratamento sim! Porém haverá sempre a necessidade da conjunção dos cuidados psiquiátricos, com uso de medicamentos, e do tratamento psicológico por meio da psicoterapia. Procure se informar caso você se reconheça nestes sintomas ou saiba de alguém assim, a busca do melhor tratamento pode ser benéfica para todos!


Com o início dos cuidados, é preciso que a família e os profissionais envolvidos estejam preparados para situações limites recorrentes como tentativas de suicídio e automutilação. A persistência e resiliência são fatores importantes pois a melhora acontece com o tempo onde cada dia é mais uma conquista. Passo a passo o paciente vai conseguindo se estruturar novamente, e não é raro uma ótima recuperação tanto no campo emocional quanto nos aspectos sociais e profissionais. Digamos que estas personalidades sempre serão especiais e de alguma forma o foco da atenção invariavelmente recairá sobre elas.


Em minha prática clínica, venho trabalhando com pacientes nesta condição já há muitos anos, o que sempre me surpreende é que existe de fato uma parte psicótica da personalidade e uma parte sadia e funcional com é proposto por Wilfred Bion, Na maioria das vezes os pacientes chegam sem o reconhecimento que possuem sim uma parte sadia, funcional, extremamente criativa e potente.


Trabalhamos primeiramente com a recuperação da auto-estima, auto-confiança, melhoria na sensação de invalidez e fracasso, e posteriormente fortalecemos algo genuíno e peculiar nestes pacientes que, quando bem direcionados, promovem uma aquisição de vitalidade e funcionalidade em todos os campos da vida!


Psicoterapia familiar também é algo muito recomendado e que deve ser considerado pois o ambiente familiar pode aumentar os episódios de crise. Frequentemente a família tende a abandonar ou superproteger essas pessoas impedindo que o tratamento seja efetivo, é preciso que todos os envolvidos tenham pelo menos informações básicas sobre o tratamento e que estejam engajados na busca da melhora dos sintomas.


Caso o paciente decida se tratar, vale lembrar que nestes casos a psicoterapia costuma ser de longo prazo, muitas vezes ininterrupta por toda a vida do paciente. O desenvolvimento de uma personalidade saudável vai muito além da remissão dos sintomas, é preciso elaborar fatores existenciais conflitantes, desenvolver capacidades psíquicas de enfrentamento e autoconfiança e além de tudo ter na terapia um ambiente vincular seguro para explorar melhor as causas e a busca de novas atitudes perante os sofrimentos e as angústias.


Terapia faz bem, invista em você!!


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